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No Habitat de uma Introvertida

Aqui partilho com o mundo tudo o que me inspira e faz parte da minha vida criativa. E se és introvertido/a é provável que aqui te sintas em casa. "I have no special talents. I am only passionately curious." - Albert Einstein

No Habitat de uma Introvertida

Aqui partilho com o mundo tudo o que me inspira e faz parte da minha vida criativa. E se és introvertido/a é provável que aqui te sintas em casa. "I have no special talents. I am only passionately curious." - Albert Einstein

Seg | 30.07.18

Sonhos de uma "Marinheira" - A saga continua

Sandra Sequeira

 

dia de barco.jpg

 

Quem me conhece, ou quem seja visitante frequente aqui do Habitat, já deve ter percebido que eu não me guio muito pela "lei do óbvio".

 

No início do mês tive uma experiência pouco prazerosa, num passeio de barco que acabou por dar origem a um post, que acredito que ainda me vai fazer rir um dia, quando eu for uma Marinheira "à séria" (continuo a sonhar)...

 

Depois de um mini pré-ataque de pânico e de algum (ligeiro a severo) enjoo marítimo, num passeio de vinte minutos máximo, eis que, três semanas depois, voltei a aceitar um convite do Marinheiro...

 

Mas desta vez para uma travessia no Atlântico de uma ilha para outra: São Jorge - Pico. 

 

Seja louvada a fé que algumas pessoas ainda têm em mim!

 

Este round 2 foi neste Sábado passado. E confesso que, no dia antes, pensei: Mas porque é que eu me desafio a mim própria desta maneira?... Parece ser uma estranha forma de Masoquismo!

 

Mas, ainda com a frustração de não ter conseguido ver a "Lua Vermelha", porque quando apareceu na Ilha, já só se via a sombra do final do eclipse, eu estava desejosa por algo diferente e entusiasmante...

 

E, como não gosto de "dar parte fraca" e voltar atrás com a minha palavra, to the sea I went!

 

Não sem antes ter um pequeno acidente eléctrico, em casa, com o secador de cabelo, que decidiu largar-me lume nas mãos...

 

E perguntam-me vocês para que raio estava eu a secar o cabelo quando ía andar de barco e ía ficar com ele desalinhado anyway? Because I´m dumb like that. That´s why.

 

Mas nada de alarmismos! Não foi nada de grave. Nada que água fria e creme Nívea bastante não tenham "resolvido".

 

Já com a mochila pronta, tomei o meu café da manhã e, claro, dois Vomidrine´s para "arrumar" com o problema do enjoo.

 

Ao menos isso não me iria estragar o passeio!

 

Meus queridos e queridas... se vocês são uns "enjoadinhos" como eu nas viagens, vocês precisam disto na vossa vida!!! 

 

Agora... para o medo... não tinha nada para tomar.

 

Podia ter tomado um Xanax (que de qualquer forma não tinha)... como nunca tomei nenhum na vida, de certeza que tinha resultado!

 

Mas eu sou um bocadinho contra qualquer coisa que me "entorpeça" os sentidos (except wine; there is always an exception, if you know what I mean)... Além de que a idéia era ultrapassar os meus medos e não ir "drogada" pelo Oceano fora...

 

Restava-me a esperança de o mar parecer um "lago".

 

Esperanças roubadas pela ligeira ondulação visível ao chegar à marina. Não estava tão mau como na primeira vez mas... mais tarde veio a estar!

 

Devo dizer que durante metade da viagem pouco ou nada falei. E não foi só por ser de poucas palavras logo de manhã (o que não deixa de ser um facto verídico)... É que, quando eu tenho medo, eu não sou de dar "escândalo"... Pareço sim uma "posta de bacalhau seco ao sol". Não dou uma palavra e não mexo dali um dedo mindinho!

 

A outra metade da viagem, perdi o medo mas, ainda falei menos... porque... veio aquela súbita sensação de bexiga cheia. E deixem-me que vos diga que, nessa situação, estar rodeada de água por todos os lados não ajuda NADA!!!

 

Eu só queria chegar a terra. Parecia que estávamos quase a chegar e... nunca chegávamos...

 

É que eu já nem me importava do quanto estávamos a "bater" naquele mar!...

 

Aliás, a certa altura eu acho que até aceitava ser "sugada" por uma nave espacial, sem qualquer resistência, desde que me deixassem usar o WC...

 

A viagem durou pouco mais de uma hora (e, sim, felizmente o WC estava mesmo ali próximo do ponto de desembarque).

 

Primeira parte do desafio cumprido, com relativo sucesso! :) 

 

Depois foi gozar o passeio e tomar um maravilhoso almoço num pequenino e muito acolhedor espaço denominado Café 5.

 

Se forem à Ilha do Pico, eu recomendo! Muito simpáticos e com imensos pormenores encantadores num espaço que vos vai fazer sentir em casa, mas num outro sítio do mundo... E a comida... Só digo que (embora também se coma muito bem na minha Ilha) valeu a viagem!!!

 

Inclusive "someone" achou que merecia um premiozinho por bom comportamento...

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Isn´t that the cutest thing ever?!?... (Girls will be girls...)

 

Depois do cafezinho tomado, só demos mais uma curta voltinha e regressámos porque, entretanto, tal como estava a prometer, a chuva decidiu dar um "ar da sua graça".

 

Devo dizer que a ondulação estava ligeiramente pior no regresso (se estivesse assim na partida, já não sei se ía...)!

 

Valeram-me mais dois Vomidrine´s que levei para a Ilha do Pico para tomar antes de regressarmos e as duas Somersby que por lá bebi, que me relaxaram mais um bocadinho.

 

Acho que encontrei "o cocktail perfeito" para as minhas próximas viagens de barco!... (HUGE DISCLAIMER: NÃO FAÇAM O QUE EU FAÇO!!!)

 

Uma amiga dizia-me, a respeito da experiência que eu tinha tido no início do mês, que tinha sido uma pena eu não ter filmado um bocadinho... Pois bem... Avanços foram dados nesta segunda tentativa de ser Marinheira. 

 

1 - Não enjoei (thank God e ao Vomidrine);
2 - Menos 30% de medo do que na primeira vez;
3 - Consegui soltar as mãos do barco para gravar!!! Ah, ah, ah!

 

Faço assim a estreia do Habitat de uma Introvertida no Youtube com um "cheirinho" do Atlântico:

 

 

Claro que ainda não foi desta que filmei a minha figura (já bastou a foto comigo pronta para a chuva e para os altos e baixos no regresso a casa)...

 

Vamos devagar, people!

 

Esta coisa de ser Marinheira ainda vai levar um bom tempo...

 

Ao menos o Marinheiro disse estar orgulhoso de mim... pelo que as coisas parecem bem encaminhadas! ;)

 

 

Imagem e vídeo: No Habitat de uma Introvertida

 

Seg | 23.07.18

Luz e Sombra

Sandra Sequeira

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No meu último post, fiz referência ao facto de todos nós sermos Luz e Sombra.

 

Uma querida visitante, regular deste Habitat, comentou que essa frase a tinha marcado especialmente...

 

Então, porque não falar nisso?!...

 

Desde crianças, o nosso sistema de crenças incita-nos e "esfregar" as nossas qualidades, os nossos sucessos e a nossa bondade na cara do outro e a esconder os nossos "defeitos", as nossas fragilidades e as nossas falhas. 

 

Com isso, nós vamos "amputando" certas partes nossas, ao longo da vida, para que a Sociedade se sinta confortável na nossa presença.

 

E é um bocadinho ambivalente, quando ouvimos tanto: Sê tu próprio/a! Diz o que pensas! Faz o que gostas... Mas quando ganhamos coragem para o fazer, levamos uns "açoites" porque estamos a "passar do risco".

 

Então, em que é que ficamos?

 

Sê tu próprio/a... mas nem tanto?...

 

Vôa... Mas vôa baixinho?...

 

O feedback relativo ao post da semana passada foi para mim absolutamente surpreendente!

 

Foi o post do Habitat com mais visitas, com mais partilhas, com mais reações públicas e privadas... digamos que 95% positivas, carinhosas e muito incentivadoras para que o Habitat continuasse vivo...

 

Mas também me valeu duas ou três repreensões (de modo que perdoem lá hoje o assunto parecer um bocadinho boring, mas prometi a mim mesma tentar não arrepiar ninguém desta vez)...

 

Será a morte um "elefante branco na sala"?... Será que se não falarmos nela, ela não acontece?...

 

Porque será a morte um tema tabu para a maioria dos humanos e, no entanto, enquanto humanos, estamos tão confortáveis a julgar/criticar (e às vezes mesmo denegrir) o outro?

 

Não percebemos que quando apontamos o nosso foco para a Sombra do outro, estamos a revelar a nossa própria Sombra?

 

Nós somos Luz e Sombra. E somos inteiros apenas se aceitarmos essas duas energias que temos dentro de nós e nos permitirmos sentir tudo o que essas duas energias implicam.

 

Eu tenho-me permitido expôr sombras pessoais neste Habitat ao revelar sentimentos e comportamentos de que pouco se ouve falar porque, pelo nosso sistema de crenças, não são os mais "aceitáveis"... Mas pelas partilhas que me vão fazendo (públicas e privadas) eu vou percebendo que são tão comuns... 

 

Será assim tão "provocador" sermos nós próprios?!?...

 

Será que, pelo conforto da nossa família, pela aceitação dos nossos amigos, temos que ser "menos" de nós... temos que baixar o nosso volume... temos de diminuir a nossa Luz?...

 

Não deveria a aceitação começar no nosso círculo mais próximo?...

 

Quantos de vocês têm sonhos "arrumados na caixa", pelo "bem" da família, pela vergonha dos amigos, pelo julgamento da Sociedade?...

 

Vocês têm noção do milagre que é terem nascido?...

 

Será que esse evento fantástico deu-se com o propósito de serem "menos" de vocês para que o outro não se sinta "incomodado"?...

 

Será que nascemos para tal mediocridade?...

 

Eu acredito que a nossa Luz incomoda quem não aceita a sua própria Sombra. Quem não se aceita por inteiro, não poderá nunca aceitar o outro, nem pode esperar que o outro o aceite também.

 

Este jogo de Luz e Sombra é tão complexo... 

 

Mas podemos simplificar começando a concentrar-nos em "cuidar" da nossa própria dualidade. 

 

Quando nos sentimos incomodados com algo, queremos logo atribuir responsabilidades ao outro... Mas a questão que devíamos colocar é: Porque é que eu me senti incomodado/a? Que brecha existe em mim que precisa da minha atenção?

 

Que Sombra em mim se sentiu exposta pela Luz do outro?...

 

Isto é auto responsabilização. Não acredito nos quadros de felicidade que "pintam", por aí, sem ela. 

 

Somos humanos. Sentimos alegria, tristeza, compaixão, raiva, empatia, revolta, amor, medo...

 

E o que é positivo, não temos problema em mostrar, mas o que é negativo em nós, escondemos e apontamos no outro.

 

Quando nos focamos no outro, vamos deixando o nosso trabalho por fazer... e não conseguimos melhorar o outro e nem nos melhoramos a nós.

 

Mais amor, por favor... especialmente por nós próprios!

 

Todas as nossas acções e reações provêem apenas de dois lugares (sempre esta dualidade...) Amor ou Medo.

 

Antes de agires ou reagires, avalia primeiro a tua intenção por trás... De onde ela vem?...

 

Posso garantir que todos os posts que tenho partilhado aqui no Habitat provêm de um lugar de Amor.

 

A forma como os recebem desse lado depende muito mais do que têm dentro de vocês do que das minhas palavras.

 

E até vos digo que os wake up calls que tenho feito aqui foram "estalos" que já dei a mim própria na vontade de crescer e aceitar todas as partes de mim: Luz e Sombra. 

 

Não são lições de moral para ninguém... São lembretes que talvez eu queira perpetuar para nunca me esquecer do que tenho aprendido ao longo dos anos.

 

E mesmo com toda a sede de auto desenvolvimento que tenho, continuo a ter a minha Sombra e terei sempre, porque nada na Terra vive sem esta dualidade... Dia/Noite; Masculino/Feminino; Positivo/Negativo; Quente/Frio... LUZ/SOMBRA!

 

Mas, tendo consciência disso, tento não me recriminar pela minha Sombra e tento deixá-la fluir, canalizando alguma parte dela para algo positivo.

 

E, lamento se o tema desta semana possa voltar a ser um pouco "incómodo", tendo em conta que fala das nossas sombras, do que passamos uma vida a tentar reprimir em nós e a "atirar" ao outro... mas este Habitat é um espaço livre de tabus e preconceitos...

 

Um mundo criado por uma Introvertida que não se limita às regras do "politicamente correto". 

 

Um mundo em que o akward está a salvo de julgamentos e onde nos permitimos ser quem somos, independentemente dos "Medos" do outro.

 

 

Imagem: Pinterest

 

Seg | 16.07.18

Quando eu morrer...

Sandra Sequeira

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Antes de mais: Mãe, não sei se costumas "passear" aqui pelo Habitat, a ler seja o que for, pois nós nunca tocámos no assunto do meu blog.

 

Não sei se lês; não sei se gostas do que escrevo; se lês, não sei se te faço mais sentido, ou se te pareço ainda mais "estranha"... mas uma coisa posso garantir: Este é o post que tu NÃO vais querer ler!!!

 

Vai por mim... esta não é a altura de seres a pequena rebelde que eu sei que tu és!

 

Se estás por aqui, pára já e regressa na próxima segunda-feira, porque nós duas sabemos como tu és facilmente impressionável, e ler sobre a minha morte é bem capaz de te provocar insónias (quanto ao pai, julgo não haver perigo já que ele e a Internet não costumam "brincar juntos" e provavelmente ainda nunca deu com o caminho para aqui).

 

Prosseguindo. Sim, eu sei que é Verão e é tudo leve, ensolarado e alegre... e que é do mais macabro que há falar da minha própria morte.

 

Mas o problema é que depois de morta, eu não posso falar nela!

 

Então decidi aproveitar que estou viva!!!

 

É porque nunca se sabe... pode ser daqui a 50 anos... pode ser daqui a 5 minutos... 

 

Who knows, se este será o meu último post?!?...

 

Mas gostava de te pedir uma coisa: Quando eu morrer, VIVE!

 

Se me conheces e se gostavas de mim, não percas tempo a chorar a minha morte. 

 

Se me eras chegado/a, só te permito um dia de choro. Mais do que isso vou ficar chateada contigo!

 

Fora esse dia, só te permito duas lágrimas de vez em quando, quando sentires a minha falta. Mas lembra-te que depois tens de compensar com um sorriso, ao lembrares-te do meu.

 

Não te martirizes se não nos encontrámos mais, se não falámos mais...

 

Está tudo bem! O mundo está exatamente como deveria estar. 

 

Tu deste-me o que eu precisava e eu dei-te o que tinha em mim para dar. Nem mais, nem menos.

 

Nada ficou por dizer. Se algo não foi dito, foi para que tu e eu chegássemos onde estamos hoje. E por mais voltas que dês, tu e eu estamos exatamente onde era suposto estarmos. Mesmo que aches injusto... 

 

O nosso último beijo foi perfeito.

 

O nosso último abraço foi perfeito.

 

A nossa última conversa...

 

O nosso último café...

 

Tudo foi o suficiente!

 

Por favor, não compres flores para colocares na minha campa. Deixa que por cima de mim apenas haja terra e deixa que nela cresçam ervas daninhas e no meio delas nasçam flores silvestres, as minhas preferidas!

 

Compra flores para ti! Não esperes que te ofereçam...

 

Vai à Florista e compra as flores mais bonitas que lá estiverem, leva-as para a tua casa e coloca-as numa jarra. Deixa que elas perfumem a tua sala enquanto tu respiras e contemplas a sua beleza. 

 

Não vás à minha campa para me visitar. Eu não estou lá!!!

 

Eu estou a sentir o perfume das flores contigo, na tua sala. 

 

Se saíres de casa para me encontrar, vai a uma floresta e abraça uma árvore. Nunca te disse que a Terra é o meu elemento?...

 

Ou vai para junto do mar que tanto me fascinava... Vou estar a ver as ondas contigo.

 

Não chores. E não te demores nesses nossos encontros...

 

Vai e VIVE! Persegue os teus sonhos! 

 

Quando eu morrer, abre uma garrafa de um bom vinho e brinda à minha vida!!!

 

Ou compra um croissant com recheio de creme de ovo, que era o meu doce preferido e delicia-te ao lembrares-te dos nossos momentos junto(a)s...

 

Se eu te fiz bem, sê grato/a por me teres conhecido.

 

Se eu te fiz mal, com certeza ensinei-te a ser forte...

 

Não te peço desculpa e não quero que me peças desculpa se também apenas me revelaste o teu lado sombra. Ambo(a)s ganhámos alguma coisa com isso.

 

Eu sou luz e sombra e tu também o és. Todos somos!

 

Talvez eu te faça falta, mas tem a certeza que eu estive contigo exatamente o tempo que tu precisavas para poderes continuar a tua viagem.

 

Quando eu morrer, provavelmente irei com um sorriso estúpido no rosto, ao perceber o quando fui feliz na minha...

 

Obrigada por teres feito parte dela mas, quando eu morrer, deixa-me em paz e continua a ser FELIZ!!!

 

 

Imagem: No Habitat de uma Introvertida

 

Seg | 09.07.18

Sonhos de uma "Marinheira" em declínio

Sandra Sequeira

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Eu sou uma privilegiada.

 

Vivo mesmo no "coração" dos Açores, onde fica uma das 7 Maravilhas de Portugal (Aldeias de Mar), a Fajã dos Cubres.

 

Sempre me senti uma sortuda por ter nascido numa ilha, embora não seja a ilha dos meus sonhos...

 

A ilha dos meus sonhos teria uma praia, com uma enorme extensão de areia branca, onde eu pudesse fazer uma caminhada, todos os dias, ao final da tarde e onde eu pudesse tomar o meu café da manhã com os primeiros raios de sol do dia (basicamente o meu sonho era ter uma pequena casa em cima de uma praia, apenas com a distância segura o suficiente para o mar não entrar pela casa dentro).

 

São Jorge é uma ilha de rocha, de basalto negro... 

 

Mas para quem adora o mar e sonha viver tão próximo dele, pasme-se: eu não sei nadar! 

 

Não me perguntem como é que uma pessoa, que é nascida e criada numa ilha não sabe nadar, porque eu também não sei explicar muito bem (talvez o facto dos meus pais também não saberem, viverem numa freguesia mais afastada da costa e não terem carro explique, em parte, este estranho facto)... mas a verdade é que nunca aprendi e diz quem me conhece (quem me vê a fazer tentativas Verão após Verão) que é apenas o "medo" que me impede.

 

Mas o facto de não saber nadar nunca me impediu de ser fascinada pelo mar e sonhar inclusive estar na proa de um barco, em alto mar, com o meu bikini e chapéu de palha de abas largas (que eu nem tenho), a apanhar sol, tipo turista rica em Saint Tropez, com um bom livro numa mão e um cocktail de frutas na outra.

 

Até me imagino com a tatuagem de uma pequenina e linda âncora no lado interior do meu pulso direito...

 

Mas aí surge um outro pequenino problema... eu enjoo de barco!

 

Pronto. Já se vê que eu não sou uma pessoa que facilite as coisas boas da vida. 

 

Ainda assim, eu até tento...

 

Vivo com alguém que é Marinheiro de corpo e alma. Ele próprio diz que, se pudesse, até vivia sempre no mar.

 

Este mês ele comprou finalmente o barco que sonhava ter (dentro do possível que a conta bancária lho permitiu) e convidou-me este Domingo a dar uma voltinha.

 

Eu confesso que estava muito entusiasmada e já quase me imaginava uma daquelas pessoas todas despojadas que vivem metade da vida numa marina, descalças, com aquelas roupinhas brancas e frescas de linho, com o cabelo amarelado pelo sol...

 

Meti o meu saco de praia "a modos", com a minha toalha de banho para estender no barco, o meu protetor solar, o último livro que comprei (Sobreviver... nome que mais tarde acabou por revelar-se um pouco irónico) e até meti também no saco o meu caderno de anotações e uma caneta para se me sentisse inspirada a escrever o meu próximo post aqui do blogue, já que ainda não o tinha feito (e a única regra que coloquei a mim própria neste blogue foi ter um post novo todas as segundas-feiras).

 

Vesti o bikini, uma roupa levinha, peguei no meu saco, meti os óculos de sol e lá fui eu, convencida que teria uma tarde absolutamente de sonho.

 

SÓ QUE NÃO. 

 

O mar não estava "bravo" como tempestade de grau severo, mas também não estava "chão"!

 

Ao princípio, ainda pensei em ir em pé, apenas agarrada ao varão do barco, com os meus cabelos curtos-médios ao vento, mas o meu outro "Eu" disse: Não sejas RIDÍCULA!!! Tu não te vais aguentar e vais "estatalar-te" no meio do barco, ou pior... sair pela borda do barco fora.

 

À medida que nos íamos afastando da costa, a minha mente ía-se aproximando daquelas imagens da série televisiva "Pesca Radical" que costumava passar no canal Discovery (ou noutro do género), sempre que a frente do barco se fundeava e voltava a reerguer, para voltar a fundear de pancada atrás de pancada... 

 

Eu, de rabo afundado no assento do barco e bem agarrada ao corrimão que estava à minha frente, comecei a perceber que aquilo se calhar não era para mim...

 

O meu nível de stress ía aumentando conforme ía aumentando o nível de balanço do barco e eu disse mesmo alto e bom som: HÁ MUITO TEMPO QUE EU NÃO SINTO MEDO DE NADA COMO NESTE PRECISO MOMENTO!!!

 

E senti que estava tão próxima quanto possível de ter, ali mesmo, um ataque de pânico.

 

E no meio daquele "pré-ataquezinho de pânico", o meu outro "Eu" sarcástico ria desalmadamente e questionava-se se eu poderia ser mais "croma" do que aquilo. 

 

Acabámos por regressar para junto da costa e a idéia era ficarmos ali parados um bocado a relaxar...

 

Tirei a blusa para apanhar sol, descalcei-me, "untei-me" de protetor solar, mas... pouco tempo depois percebi que tinha-me esquecido de uma coisa essencial: VOMIDRINE!!! Um comprimido "milagroso" que eu descobri na minha última viagem à vizinha Ilha do Pico no Verão passado. 

 

Olhei para o meu saco cheio de coisas e percebi que nada daquilo me ía fazer bem nenhum sem ter tomado aquela pequenina droga que evita que eu dê "engodo" aos peixes.

 

E eu tentei. Eu juro que tentei, pela boa vontade e esforços do Marinheiro para que eu me sentisse bem, estar ali "na boa" por mais uma horita ou assim.

 

Mas não deu. Vesti a blusa, meti as chinelas dentro do saco e assim que o Marinheiro atracou, a minha habitual "atrapalhação" para entrar e sair de barcos, fez puff! Eu parecia o Homem-Aranha do barco para o pontão da marina. 

 

E foi nesse preciso momento que senti que o sonho de ser uma verdadeira Marinheira estava em sério declínio.

 

Mas prometo que não vou desistir!!!

 

Da próxima vez só preciso de garantir duas coisas: que o mar está SUPER tranquilo e tomar a porcaria do Vomidrine antes de sair de casa!

 

 

Imagem: No Habitat de uma Introvertida

 

 

Seg | 02.07.18

Futebol, Política e Touradas... O que têm em comum?

Sandra Sequeira

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Em suma: NÃO GOSTO.

 

Poderá uma pessoa ser mais anti-social do que isto?!?...

 

Quando comecei a escrever aqui no Habitat, em conversa com uma amiga, que sempre me tinha incentivado muito em criar o blogue, dizia-me ela: "Se não falares de temas polémicos, ninguém te vai tratar mal..."

 

Ok. Logo aí percebi que, mais tarde ou mais cedo, estaria talvez em "apuros". 

 

Não que me preocupe muito que me tratem mal... 

 

É porque eu não sou uma escritora lá muito criativa (sim, eu vejo todas as pessoas que escrevem como escritores); eu gosto mesmo é de escrever sobre o que sinto, penso e vejo.

 

E, em pleno Mundial do Futebol, está tudo on fire!... Está tudo tão excitado e patriota e eu tipo... I don´t understand

 

E ainda bem!!!

 

Foi menos um desgosto que passei no Sábado, quando Portugal perdeu 2-1 com o Uruguai (Desculpem estar a tocar na ferida... E como é que eu sei isto, se não gosto de futebol? Cá em casa há quem se importe e teve a televisão ligada no Canal 1 durante 90 minutos; You do you!).

 

Mas até esse dia, ele eram cachecóis, bandeiras, experts de futebol nos salões de cabeleireiros, pessoal com o coraçãozinho acelerado nos dias dos jogos... e eu NADA.

 

Nem uma pequenina arritmia cardíaca!!!

 

NOTHING.

 

ZERO.

 

Tipo máquina hospitalar sem sinal de vida.

 

Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... ... ... 

 

É que nem a minha antiga simpatia pelo Benfica me resta, confesso!

 

Eu que, com 13 anos, até via os jogos do Benfica na televisão com o meu pai (sim, eu era Maria Rapaz a esse ponto)...

 

E ainda dizem que as pessoas não mudam! :P 

 

E não... nem pelos corpinhos tonificados dos jogadores me apanham a ver um jogo de Futebol!

 

 

Quanto a Política...

 

Vamos a mais confissões: eu já fiz parte de Listas para a Junta da minha antiga Freguesia, basicamente por fazer o "favor" a amigos que precisavam de pessoas para as comporem (em 1999 e em 2013). 

 

Foi noutra altura da minha vida, quando eu não gostava de desagradar.

 

Quando fazes pazes com o facto de que, faças o que fizeres, vais desagradar, ganhas uma liberdade extraordinária (eu confesso que agora chego a abusar dela).

 

É que ainda no ano passado voltaram a pedir-me para o fazer e eu recusei, alegando estar a passar uma fase complicada da minha vida pessoal (e estava), mas se o pedissem hoje, eu diria claramente que não, não o quero fazer e por isso não o faço.

 

Além de não ter talento nenhum para ela, acho que a política às vezes cega as pessoas.

 

Algumas coisas que vi e ouvi em tempos de campanha deram-me todas as certezas de que eu não nasci para aquilo.

 

Fica já aqui oficializado que nem por favor o volto a fazer (nem que me prometam mundos e fundos)!

 

Eu acho muito bem que haja quem o faça. Alguém tem do o fazer. NÃO EU!

 

E se acharem muita "selvajaria" da minha parte meter Política, Futebol e Touradas "no mesmo saco", posso fazer uma analogia mais soft...

 

A Política é como a Matemática.

 

É necessário? Sim.

 

Percebo alguma coisa daquilo? Não.

 

Quero estar "embrulhada" naquilo mais do que 10 minutos? HELL NO!!!

 

É que fazer campanha choca totalmente contra todas as células do meu ser...

 

A sério que não tenho carisma para tal!

 

(Introvertidos porta a porta é contra natura, digo-vos eu!!!)

 

Vou votar por respeito às corajosas mulheres que lutaram para que eu tivesse esse direito e para, de facto, apoiar assim alguém que eu considere que seja capaz de fazer um bom trabalho, mas será esse o único apoio político que vão conseguir de mim.

 

Sorry!

 

 

Touradas...

 

Para quem passe por aqui e não saiba ainda, eu vivo nos Açores. Fazem-se Touradas de Praça e Touradas à Corda.

 

Touradas de Praça, nem que me paguem. Além de eu não sentir o menos prazer de ver um touro sangrar, não tenho a menor pachorra para estar horas a ver aquilo. Nem sequer pelos lindos cavalos que lá estão!

 

(Acho que a única vez que me viram numa Tourada dessas foi quando tive de ir tocar música lá com uma Banda Filarmónica da qual fiz parte; ossos do ofício!)

 

Simplesmente, é horrível para o touro e mesmo que eu não me importasse nada com o sofrimento dele, seria uma seca enorme para mim.

 

Tantas horas desperdiçadas!... Nop.

 

A vida é demasiado curta!!!

 

Touradas à Corda, são horas a ver uns touros (cada um por sua vez) a correr para um lado e outro do caminho, amarrados pelo pescoço por uma corda que uns quantos gajos vão agarrando (para o touro não se "esticar" muito) e mais uns quantos gajos "malucos" a desafiá-los e a levar umas marradas de vez em quando.

 

E o pessoal ri que se farta. E gritam!!!

 

Uns de cima de umas paredes, outros de umas varandas, uns de umas trelas, uns de cima de uns muros e outros nos extremos do caminho por onde o touro corre.

 

E há depois o pessoal que nem vê bem a cor do touro, porque a melhor atracção da festa são as tascas. Umas cervejolas e umas bifanas... 

 

Se me virem numa Tourada destas, o mais certo é que vá mesmo pelas bifanas (é que a pessoa gosta mesmo é de comer).

 

Mas, cá para nós, já faz uns bons anos que nem a comida me leva a uma tourada!

 

Vá, não me tratem mal!!!

 

Eu já estive nisto tudo de uma maneira ou de outra e apenas percebi que não gosto.

 

Eu não estou a criticar quem gosta.

 

Apenas estou aqui a assumir claramente o que é tão "impopular" admitir que não se gosta.

 

Tal como há quem não goste de ler. Ou escrever!...

 

Ou participar num workshop online de Desenvolvimento Pessoal...

 

Ou estar meia hora a fazer auto aplicação de Reiki... Alinhamento dos chakras e tal...

 

Para muitos, isso sim é uma inutilidade, uma perda de tempo... em suma: uma "seca"!

 

My point is: Apenas acho que temos de ser mais abertos e tolerantes.

 

E ter menos receio de admitir que não nos atrai o que 80% das pessoas parecem gostar e achar importante.

 

Não me apetece ouvir relatos do Futebol, não me apetece ver Touradas e não me apetece falar de Política.

 

Chamem-me de anti-patriota ou de alienada, se quiserem.

 

Serei só eu a sentir-me tão out of the box ao admitir apatia por estes temas?!?...

 

Maybe I´m just weird... But I´m ok with that now. 

 

 

Imagem: Pixabay