Minimalismo: mais do que reduzir ao essencial... é VIVER mais do que é ESSENCIAL!
No meu último post toquei, de maneira bastante pessoal, um tema que já está mais que "esmiuçado": o Minimalismo.
Tornou-se um tema muito popular, especialmente nos últimos dez anos.
O Minimalismo é um movimento que surgiu inicialmente nas artes e acabou por manifestar-se na vida das pessoas por necessidade de desaceleramento e fuga ao consumismo.
Nunca como agora tivemos tanto acesso às coisas e nunca como agora fomos tão "agressivamente" impulsionados a adquirir coisas, ou "levados a pensar" que precisamos delas.
Mas o Minimalismo tornou-se "moda" e muitas vezes o verdadeiro conceito/objetivo perde-se.
O que mais se vê no instagram são espaços imaculadamente brancos, limpos, arrumados, com uma cadeira, um tapete e uma planta... et voilá!
"Diz que é" uma espécie Minimalismo instantâneo.
E, muito embora eu me sinta atraída por tal simplicidade e beleza estética, sejamos realistas: Não é prático! Especialmente se não vives sozinho/a...
E Minimalisto é muito mais que uma imagem imaculada, um espaço sempre arrumado, ou deitar coisas fora.
Para mim, minimalismo é uma forma de chegar a um objetivo: VIVER mais do que é ESSENCIAL.
Fazer mais do que gosto e me realiza como pessoa todos os dias. Dar a minha atenção plena às coisas que acrescentam mais significado e valor à minha vida.
E isto é diferente para cada um de nós.
Não existe uma fórmula exata nem um processo certo no Minimalismo. E os objetivos de cada um serão sempre diferentes.
Comigo começou de forma muito subtil.
Descobri, por acaso, o conceito de Capsule Wardrobe e fiquei cativada com a ideia de simplificar o processo de escolher o que vestir. Então comecei aos poucos a fazer mudanças. Doei e deitei fora peças que já não me serviam ou que eu simplesmente não usava e mantive só as que peças de facto gostava e encaixavam no meu estilo e que "jogavam" umas com as outras, de forma a aproveitar ao máximo o que tinha em vez de comprar por impulso algo que depois nem lhe dava tanto uso assim.
Ao longo do tempo fui percebendo que o facto de me obrigar a fazer escolhas conscientes, além de me facilitar a vida, simplificava o meu dia a dia e isso acaba por dar alguma clareza/leveza à tua mente, que não se vê tão "assoberbada" com tantas opções (tanta roupa no guarda-fato e nada para vestir...).
O "bichinho instalou-se" e percebi que podia fazer o mesmo em relação à casa e a sede de aprender mais sobre o Minimalismo foi sendo cada vez maior e eu ía percebendo como podia, a pouco e pouco, simplificar e livrar-me de coisas que passava um ano e dois sem eu nunca precisar realmente delas.
Uma gaveta aqui, um armário ali...
E nem que fosse o Universo a dar-me mais do que eu procurava (por grandes e loucos acasos da vida) acabei mesmo por chegar ao extremo de "livrar-me" da casa!
Por favor, não tentem isto nas vossas casas, ok?... Há casos complexos e o meu foi um deles; além de que eu tive um ano para pensar se era mesmo isto que eu queria fazer. Por questões práticas e escolha de lifestyle, foi a decisão certa, neste momento, mas são decisões muito importantes e temos que estar plenamente conscientes dos prós e contras que uma decisão dessas implica.
E o que noto agora é que esta onda do Minimalismo não só se aplica às coisas, mas também se aplica às relações e à forma como passas o tempo.
Não há nada mais valioso do que o nosso tempo, porque esse é o bem que (garantidamente) vai ficando mais curto a cada dia que passa e o Minimalismo pode ajudar-te a valorizares e utilizares bem o teu tempo, em função do que tu és e gostas de ser e não daquilo que os outros acham que és ou deverias ser.
Só que, para fazer isso, há que tirar muitas distrações do caminho... e dizer muitos nãos.
E dizer não é chato; dizer não fica mal; dizer não custa (especialmente se és aquele tipo de pessoa que não gosta de "desagradar").
Mas se queres viver mais do que te faz sentir tu próprio/a e se queres tirar o máximo proveito da vida, não há muita volta a dar...
O NÃO é a ferramenta que te vai levar a teres o tempo e o espaço para canalizares a tua atenção no que, de facto, te faz sentir bem.
Podes sempre conformar-te...
Com aquela relação que já não funciona como dantes; com as constantes queixas e negatividade de um familiar; com um emprego que põe o teu espírito miseravelmente triste e "doente"; com um amigo cujos interesses e temas de conversa já não encaixam nos teus; com uma casa num sítio diferente do que querias estar; ou com um bibelô que te deram pelo Natal e que só não metes fora porque te irias sentir mal e que acabas por fechar num armário para não teres de o ver.
Se tiveres a sorte de, no fim da tua vida, poderes ter alguns minutos para contemplar o que foi a tua passagem por este planeta, será que te vais sentir aliviado/a por teres guardado aquele bibelô só porque te foi oferecido?...
Será que vais sentir-te feliz por teres vivido sempre no mesmo sítio embora desejasses ter experimentado viver noutro lugar?...
Será que vais pensar que valeu a pena viver tantos anos com alguém só pelo comodismo?...
Acho que vale a pena pensar nisto.
E fazer escolhas.
E DIZER NÃO a uma coisa ou outra, ou a uma pessoa ou muitas!
Talvez tenhas de abandonar alguns grupos, alguns hobbies que já não te dêem tanto prazer e criar novas rotinas no teu dia-a-dia...
E podes não precisar de fazer isso e viveres feliz exatamente como estás. Perfeito!
Não tens de reduzir em nada. E podes reduzir apenas no que tu achares que vai funcionar para ti. É essa a beleza e praticidade do Minimalismo.
Eu não sou como o Fumio Sasaki, Autor do livro Adeus, Coisas, que arrumou com quase tudo o que tinha e vive num pequeno apartamento só com 3 artigos de mobiliário.
Nop.
Esta pessoa acha que ter seis almofadas na cama é perfeitamente aceitável, embora possa parecer um excesso do caraças para outra pessoa.
Esta pessoa gosta de livros, gosta de plantas, gosta de velas aromáticas e agora até anda com a "pancada" dos cristais.
Nem no Minimalismo eu sou perfeita, mas esse não é mesmo o objetivo.
A tua vida pode parecer completamente torcida e até desfocada para outra pessoa, mas se é mais simples, feliz, cheia de significado e verdadeira para ti, então orgulha-te de ela ser exatamente como tu queres que ela seja.
YOU DO YOU! ;)
Imagem: No Habitat de uma Introvertida