Quando eu morrer...
Antes de mais: Mãe, não sei se costumas "passear" aqui pelo Habitat, a ler seja o que for, pois nós nunca tocámos no assunto do meu blog.
Não sei se lês; não sei se gostas do que escrevo; se lês, não sei se te faço mais sentido, ou se te pareço ainda mais "estranha"... mas uma coisa posso garantir: Este é o post que tu NÃO vais querer ler!!!
Vai por mim... esta não é a altura de seres a pequena rebelde que eu sei que tu és!
Se estás por aqui, pára já e regressa na próxima segunda-feira, porque nós duas sabemos como tu és facilmente impressionável, e ler sobre a minha morte é bem capaz de te provocar insónias (quanto ao pai, julgo não haver perigo já que ele e a Internet não costumam "brincar juntos" e provavelmente ainda nunca deu com o caminho para aqui).
Prosseguindo. Sim, eu sei que é Verão e é tudo leve, ensolarado e alegre... e que é do mais macabro que há falar da minha própria morte.
Mas o problema é que depois de morta, eu não posso falar nela!
Então decidi aproveitar que estou viva!!!
É porque nunca se sabe... pode ser daqui a 50 anos... pode ser daqui a 5 minutos...
Who knows, se este será o meu último post?!?...
Mas gostava de te pedir uma coisa: Quando eu morrer, VIVE!
Se me conheces e se gostavas de mim, não percas tempo a chorar a minha morte.
Se me eras chegado/a, só te permito um dia de choro. Mais do que isso vou ficar chateada contigo!
Fora esse dia, só te permito duas lágrimas de vez em quando, quando sentires a minha falta. Mas lembra-te que depois tens de compensar com um sorriso, ao lembrares-te do meu.
Não te martirizes se não nos encontrámos mais, se não falámos mais...
Está tudo bem! O mundo está exatamente como deveria estar.
Tu deste-me o que eu precisava e eu dei-te o que tinha em mim para dar. Nem mais, nem menos.
Nada ficou por dizer. Se algo não foi dito, foi para que tu e eu chegássemos onde estamos hoje. E por mais voltas que dês, tu e eu estamos exatamente onde era suposto estarmos. Mesmo que aches injusto...
O nosso último beijo foi perfeito.
O nosso último abraço foi perfeito.
A nossa última conversa...
O nosso último café...
Tudo foi o suficiente!
Por favor, não compres flores para colocares na minha campa. Deixa que por cima de mim apenas haja terra e deixa que nela cresçam ervas daninhas e no meio delas nasçam flores silvestres, as minhas preferidas!
Compra flores para ti! Não esperes que te ofereçam...
Vai à Florista e compra as flores mais bonitas que lá estiverem, leva-as para a tua casa e coloca-as numa jarra. Deixa que elas perfumem a tua sala enquanto tu respiras e contemplas a sua beleza.
Não vás à minha campa para me visitar. Eu não estou lá!!!
Eu estou a sentir o perfume das flores contigo, na tua sala.
Se saíres de casa para me encontrar, vai a uma floresta e abraça uma árvore. Nunca te disse que a Terra é o meu elemento?...
Ou vai para junto do mar que tanto me fascinava... Vou estar a ver as ondas contigo.
Não chores. E não te demores nesses nossos encontros...
Vai e VIVE! Persegue os teus sonhos!
Quando eu morrer, abre uma garrafa de um bom vinho e brinda à minha vida!!!
Ou compra um croissant com recheio de creme de ovo, que era o meu doce preferido e delicia-te ao lembrares-te dos nossos momentos junto(a)s...
Se eu te fiz bem, sê grato/a por me teres conhecido.
Se eu te fiz mal, com certeza ensinei-te a ser forte...
Não te peço desculpa e não quero que me peças desculpa se também apenas me revelaste o teu lado sombra. Ambo(a)s ganhámos alguma coisa com isso.
Eu sou luz e sombra e tu também o és. Todos somos!
Talvez eu te faça falta, mas tem a certeza que eu estive contigo exatamente o tempo que tu precisavas para poderes continuar a tua viagem.
Quando eu morrer, provavelmente irei com um sorriso estúpido no rosto, ao perceber o quando fui feliz na minha...
Obrigada por teres feito parte dela mas, quando eu morrer, deixa-me em paz e continua a ser FELIZ!!!
Imagem: No Habitat de uma Introvertida